Rubber (Pneu), é uma ode às coisas sem motivo. Uma homenagem à nenhuma razão. Sem nenhuma razão.
Fazendo questão de deixar claro sua intenção, é um filme totalmente despretensioso. Simplesmente por nenhuma razão!
Tudo bem, não é qualquer um que vai curtir esse filme, mas convenhamos, é um trabalho de arte, e é muito válido, numa época que estamos recheados de filmes clichês e que são feitos só pra encher os bolsos dos produtores. E este aqui provavelmente foi feito com custo baixíssimo!
Rubber começa com uma cena estranhíssima, onde um carro se aproxima numa estrada desértica, derrubando cadeiras dispostas aleatoriamente ao longo da estrada. Ao se aproximar da câmera, o carro para, um sujeito bem arrumado sai de dentro do porta malas e começa a explicar o que estamos prestes a ver.
O filme começa com o seguinte diálogo:
***
"No filme de Steven Spielberg, "E.T.", por que o extraterrestre é marrom?
Por razão nenhuma.
Em "Love Story", por que os protagonistas se apaixonam perdidamente?
Razão nenhuma.
Em "JFK", de Oliver Stone, por que o presidente é assassinado de repente por um desconhecido?
Nenhuma razão.
No excelente "Massacre da Serra Elétrica", de Tobe Hooper, por que nunca vemos os personagens irem ao banheiro, nem lavarem as mãos, como a gente faz na vida real?
Por nenhuma razão em absoluto.
Pior! Em "O Pianista", de Polanski, como é que esse cara tem que se esconder e viver como um vagabundo... se toca piano tão bem?
Mais uma vez a resposta é "nenhuma razão".
Poderia seguir por horas com mais exemplos. A lista não tem fim.
Provavelmente nunca haviam pensado, mas todos os grandes filmes, sem exceção, contém um importante elemento de "nenhuma razão".
E sabem por que? Porque a própria vida está cheia de "nenhuma razão". Por que não podemos ver o ar ao nosso redor? Nenhuma razão. Por que estamos sempre pensando? Nenhuma razão. Por que algumas pessoas gostam de salsichas e outras odeiam? Por nenhuma porra de razão(...)
Senhoras, senhores, o filme que vão ver hoje... é uma homenagem à "nenhuma razão".(...)"
Então, um grupo de espectadores em pé ali no deserto, pergunta:
"Por que despedaçou todas as cadeiras? - Nós poderíamos ter sentado. - Sim, é verdade. Silêncio, por favor."
***
E assim começa a história.
A história de um pneu, sim um pneu comum, de carro.
Um pneu que de repente se levanta e começa a vagar pelo deserto. As coisas que ele encontra pelo caminho, ele vai destruindo. Até descobrir que possui poderes "psíquicos".
Perceberam a insanidade da situação?! Bom, sem nenhuma razão, essa é uma obra de arte que vale a pena uma viajada!
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